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Editorial


A Ad Urbem dedica o seu encontro de 2010 à avaliação das políticas públicas com incidência territorial, uma temática cuja actualidade foi recentemente reconfirmada pelas vigentes Grandes Opções do Plano (GOP, 2010-2013), designadamente quando nelas se prevê a instalação do Observatório do Ordenamento do Território e do Urbanismo. Recorde-se que da entrada em funcionamento deste organismo depende o arranque do processo de avaliação permanente dos instrumentos de gestão territorial, em particular do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), bem como a apresentação regular à Assembleia da República do Relatório sobre o Estado do Ordenamento do Território, previsto na Lei [1].

Os sucessivos adiamentos que, ao longo dos últimos doze anos, diferiram a entrada em funcionamento do Observatório, aliados a uma conjuntura adversa à criação de novos serviços do Estado, são circunstâncias que podem justificar um certo cepticismo quanto à concretização das medidas acima destacadas.

Em todo caso, convém lembrar que uma das resultantes da presente conjuntura será, tudo o indica, a exigência de maior rigor no controlo dos investimentos que agravam a dívida pública, de entre os quais sobressaiem as grandes obras públicas previstas no Programa Operacional Valorização do Território (POVT, 2007-2013) [2]. Ora, a opção de reforçar o controlo orçamental das despesas com grandes infra-estruturas e equipamentos – sobretudo no caso das que suscitam maior polémica – tem por corolário o dever de avaliar as medidas de desenvolvimento territorial, tal como desde há muito sucede na Alemanha e na Áustria [3].

Por outro lado, e na perspectiva mais alargada de avaliação de políticas públicas, importa ter presente uma das regras de ouro que vigora nesta matéria: em princípio, o desempenho dos entes públicos deve resultar não apenas da uma auto-avaliação, mas também de uma apreciação conduzida por entidades competentes e independentes. Na prática, esta regra coloca uma grande responsabilidade sobre os ombros das nossas instituições universitárias e científicas
[4], sendo previsível que estas se auto-organizem para promover a qualidade da avaliação territorial praticada em Portugal, a exemplo, aliás, do que já hoje sucede noutros sectores [5] e noutros países [6].

As considerações anteriores fundamentam a convicção de que a data de nascimento do Observatório pode ser sucessivamente adiada, mas não será isso que impedirá a emergência do sistema de avaliação territorial que já se encontra em gestação entre nós e que, em futuro próximo, irá dar lugar a uma rede de instituições destinadas a avaliar o desempenho dos poderes responsáveis pelo governo do território, desejavelmente aberta às entidades dispostas a demonstrar a transparência das suas políticas e aperfeiçoar a eficácia dos seus instrumentos de ordenamento do território e de urbanismo. Afinal de contas, é esse o movimento que lemos nas entrelinhas do Programa de Acção da Política de Ordenamento do Território (PNPOT, 2007-2013) e que o POVT considera o impulso de uma «governação para a valorização territorial»: 

A boa gestão territorial exige abordagens inovadoras e o respeito pelos seguintes princípios:
- pertinência e eficácia (resposta às necessidades, com base em objectivos bem definidos e em avaliações adequadas ao nível territorial apropriado);
- responsabilização (identificação clara das responsabilidades das instituições e prestação de contas);
- transparência (comunicação activa e linguagem acessível);
- participação (da concepção à execução, monitorização e avaliação numa perspectiva aberta e abrangente);
- coerência (entre as políticas sectoriais e territoriais).

Neste quadro, importa prosseguir uma agenda persistente de descentralização de competências, de acordo com o princípio da subsidiariedade, e de simplificação e flexibilização de procedimentos no âmbito das tarefas de planeamento e gestão territorial, sem prejuízo da adequada salvaguarda do interesse público e facilitando a vida aos cidadãos e às empresas..
É também fundamental prosseguir uma acção sistemática de actualização, formação e capacitação científica e técnica dos agentes do ordenamento e do desenvolvimento do território aos níveis nacional, regional e local [7].

O encontro anual da Ad Urbem visa aferir o ponto em que se encontra a concretização dos anteriores princípios e, nessa medida, contribuir para o retrato do estado da arte alcançado pelas diversas formas de avaliação territorial actualmente praticadas em Portugal. A estrutura do evento é fiel à sistematização dos âmbitos de governo do território, tal como estabelecidos na LBPOTU (âmbitos nacional, regional e local), com duas importantes ressalvas:

No início dos trabalhos, destaca-se a participação de Portugal no primeiro (2000-2006) e segundo (2007-2013) programa ESPON
[8]. Embora pouco relevantes em termos das verbas por eles movimentadas, estes programas actuam como fóruns europeus para debate das metodologias de avaliação do impacto territorial de políticas públicas (TIA, territorial impact assessment) [9] e, assim, deverão influenciar as soluções futuramente a adoptar por Portugal.

No termos dos trabalhos, destacam-se as questões relacionadas com a informação territorial, dado que aí se situam importantes projectos da União Europeia (por exemplo, o projecto INSPIRE
[10] em que Portugal participa) e dado que a existência de uma plataforma fiável de dados de âmbito local é essencial para o conhecimento e a erradicação da exclusão social – uma questão a que a actual conjuntura veio emprestar maior relevo.

..


[1]  Vejam-se Grandes Opções do Plano para 2010-2013 (Lei n.º 3-A/2010, de 28 de Abril de 2010), onde se lê que, «no que respeita à consolidação dos sistemas nacionais de informação territorial, geográfica e cadastral, destacam-se a consolidação do processo de cobertura cadastral do País e a instalação do Observatório do Ordenamento do Território e do Urbanismo». Veja-se também Ministério das Finanças e da Administração Pública, Orçamento do Estado para 2010. Relatório, Janeiro de 2010.

[2]  Veja-se o site do PVOT.

[3]  Vejam-se as práticas de programme evaluation, referidas respectivamente, na Alemanha e na Áustria, por Raumordnungsverfahren e por Raumverträglichkeitsprüfung.

[4]  No preâmbulo do diploma que aprovou o regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial (Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro) pode ler-se que:
Em matéria de avaliação dos instrumentos de gestão territorial, desenvolvem-se as formas de acompanhamento permanente, prevendo-se ao nível da avaliação técnica a criação de um observatório, a criar no âmbito do MEPAT, integrando um grupo de peritos constituído por especialistas no domínio do ordenamento do território, ao qual competirá a criação e o desenvolvimento de um sistema nacional de dados sobre o território e a elaboração de relatórios periódicos sobre a concretização das orientações do programa nacional e em particular sobre a articulação entre as acções sectoriais, bem como a possibilidade de recurso à avaliação por entidades independentes, designadamente instituições universitárias ou científicas nacionais com prática de investigação relevante neste domínio.

[5]  Veja-se o Observatório Português do Sistema de Saúde, OPSS, sedeado na Escola Nacional de Saúde Pública, da Universidade Nova de Lisboa.

[6]  Como no caso da Suíça, com a sua Schweizerische Vereinigung für Landesplanung = Association suisse pour l'aménagement national, VLP-ASPAN.

[7]  Ponto 2.8 do POVT (versão datada de 16 de Setembro de 2007, pp. 26-27), documento que cita a proposta de PNPOT aprovada para efeitos de discussão pública (cf. Resolução do Conselho de Ministros n.º 41/2006, de 27 de Abril), neste pondo coincidente com a versão final do programa de acção do PNPOT (cf. Lei n.º 58/2007, de 4 de Setembro); os itálicos são nossos.

[8]  ESPON, European Spatial Planning Observation Network = OROTE, Observatório em Rede do Ordenamento do Território Europeu.

[9]  Cf. Bas Waterhout (2008), The Institutionalisation of European Spatial Planning. Amsterdam: IOS Press (Sustainable Urban Areas, vol. 18).
 
[10]  O INSPIRE baseia-se na Directiva 2007/2/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 14 de Março de 2007, que estabelece uma infra-estrutura de informação geográfica na Comunidade Europeia. A participação portuguesa neste projecto está documentada em site mantido pelo IGP, Instituto Geográfico Português.

Comissão científica

Adriano Pimpão (Presidente)
Faculdade de Economia da Universidade do Algarve

Alexandre Cancela d'Abreu
Departamento de Planeamento Biofísico e Paisagístico da Universidade de Évora
Fernanda Paula Oliveira
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
Helena Calado
Universidade dos Açores
João Ferrão
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
João Miranda
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Jorge Carvalho
Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da Universidade de Aveiro
Jorge Gaspar
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
José Manuel Henriques
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa
José Mendes
Escola de Engenharia da Universidade do Minho
Manuel Fernandes de Sá
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto
Manuel Porto
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
Margarida Pereira
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
Maria de Glória Garcia
Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa
Paulo Pinho
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Teresa Sá Marques
Faculdade de Letras da Universidade do Porto


Comissão organizadora

João Cabral
Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa
António Perez Babo
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Elisa Vilares
Direcção Geral do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Urbano
Fernando Gonçalves
Centro Regional das Beiras da Universidade Católica Portuguesa
Josué Caldeira
Intersismet - Sociedade de Gestão Projectos Internacionais, S.A.
Zélia Pinheiro

Programa do Encontro


Avaliação das políticas
de ordenamento do território 
e de urbanismo

No espaço europeu e nos âmbitos nacional, regional e municipal

Porto, 26 e 27 de Novembro de 2010

Para descarregar o Programa em PDF clique aqui.


26 NOVEMBRO, sexta-feira

9:00       Recepção de participantes

9:30       Abertura
             Rui Rio, Presidente da Câmara Municipal do Porto*
             Fernanda do Carmo, Secretária de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades
             Claudio Monteiro, Presidente da Ad Urbem

             1.º MÓDULO   |   ESPAÇO EUROPEU & ÂMBITO NACIONAL

10:00     A avaliação da gestão territorial em Portugal. Um ponto de situação
             Vitor Campos,
Director-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano
             
             Avaliação das políticas de ordenamento do território e de urbanismo
             Luís Colaço Antunes, Faculdade de Direito da Universidade do Porto

10:40     Intervalo para café

11:00    Apresentação de comunicações

             Moderadora: Elisa Vilares

             Soberania nacional e avaliação territorial: o nosso direito a um território organizado
             Fernando Gonçalves

             Para além do princípio da contra-corrente: o possível papel da avaliação de 
             impacte territorial na definição de políticas de ordenamento do território e urbanismo
             Eduardo Gonçalves Rodrigues

             A dimensão intangível da avaliação. O objectivo 6
             João Morais Mourato

             Uma abordagem multi-escalar da monitorização do ordenamento do território 
             e do desenvolvimento urbano
             Teresa Sá Marques, Filipe Batista e Silva, Carlos Delgado & Sónia Pinho

             Avaliação do sistema de gestão territorial dos Açores. O caso específico da avaliação 
             dos planos de ordenamento das bacias hidrográficas das lagoas dos Açores
             Melânia Rocha, Raquel Medeiros, José Furtado & Rui Monteiro

             A avaliação de programas e políticas territoriais, em contextos de diversidade 
             e fragmentação: requisitos metodológicos
             Isabel Breda-Vázquez & Paulo Conceição

12:00    Debate

12:30    Almoço livre

             2.º MÓDULO   |   ÂMBITOS REGIONAL & MUNICIPAL

14:00     Avaliação das políticas de ordenamento do território e de urbanismo: em busca 
             de um referencial de legitimidade
             António Figueiredo, Quaternaire Portugal
            
             Avaliação das políticas de ordenamento do território e de urbanismo
             Margarida Pereira, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
            
             Avaliação das políticas de ordenamento do território e de urbanismo
             Fernanda Paula Oliveira, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

             Moderador: João Cabral

15:00    Intervalo para café

15:30    Apresentação de comunicações

             Govenança territorial nos processos de planeamento territorial associados aos 
             planos regionais de ordenamento do território
             Teresa Sá Marques

             A avaliação do planeamento físico municipal
             Vítor Oliveira & Paulo Pinho

             A definição do regime de uso do solo pelos planos municipais de ordenamento do território 
             e as servidões e restrições de utilidade pública – a articulação possível
             Isabel Abalada Matos, Isabel Moraes Cardoso, Mónica Lemos & Nuno Miguel Marrazes

             
             Avaliação da programação estratégica definida em PDM: o caso particular da programação
             das áreas de expansão urbana com recurso à função monitorização
             Manuela Juncal, Paula Ribeiro Ramos, Alberto Simões & Susana Madureira

             Avaliação dos mecanismos de modificação dos instrumentos de gestão territorial: 
             âmbito de aplicação (a prática)
             
Cristina Guimarães, Maria Manuela da Costa Cardoso Gomes, Ana Filomena Alves 
             Leal Leite da Silva, Anabela Moutinho Monteiro & Sofia D'Arrochella Lobo


             Monitorização e avaliação de políticas de ordenamento do território: 
             o caso do concelho de Palmela
          
   João Carlos Antunes, Ana Paula Ruas, Sónia Ramos, André Amaro Sequeira 
             & Bruno Pereira Marques

             
             Revisão dos PDM: processo de planeamento ou imperativo legal
             João Gonçalves & Teresa Sá Marques
             
             Reabilitação urbana: o novo paradigma do urbanismo municipal
             Ana Virtudes
             
             As unidades de execução como instrumento privilegiado de execução das opções 
             urbanísticas. O caso da unidade de execução da Avenida Nun’Álvares
       
      Cristina Guimarães, Maria Manuela da Costa Cardoso Gomes, Ana Filomena Alves 
             Leal Leite da Silva, Anabela Moutinho Monteiro & Sofia D'Arrochella Lobo


             Avaliação multidimensional dos efeitos do Programa Polis em Albufeira: 
             Para além da requalificação urbana e ambiental
             
Aquiles Marreiros

17:00    Debate

18:00    Conclusão da Jornada


27 NOVEMBRO, sábado

            3.º MÓDULO   |   INFORMAÇÃO  E MONITORIZAÇÃO TERRITORIAL

09:30    Informação e monitorização estratégica: a experiência do observatório do QREN 2007-2013
             Paulo Areosa Feio, Observatório do QREN

             Moderador: Josué Caldeira

10:00    Apresentação de comunicações

             Informação geográfica, transparência e sistema de indicadores para acompanhamento 
             e avaliação dos instrumentos de gestão territorial
             José António Tenedório & Cristina Henriques

             A importância dos coeficientes de localização na avaliação patrimonial de imóveis 
             para habitação
             Paula Couto

             Processos de monitorização municipal: pertinência e condicionantes à sua implementação
             Olga Prada & Margarida Pereira

             O papel estratégico dos espaços residenciais no ordenamento do território: 
             uma avaliação com fundamento na forma urbana
             José Luís S. Fernandes

             A reconversão dos loteamentos de génese ilegal no novo milénio: avaliação e monitorização
             Isabel Raposo

             Plataforma associativa para acompanhamento e avaliação do desenvolvimento territorial
             
Fernando Gonçalves & Zélia Pinheiro

11:00    Debate

11:15    Pausa para café

             CONFERÊNCIAS
             
11:30    Avaliação territorial em Portugal: estado da arte
             Paulo Pinho, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
          
             
             Evolution and future of EU territorial cohesion policy
             Andreas Faludi, Delft University of Technology

             Moderador: António Pérez Babo

             ENCERRAMENTO
            
12:30   Apresentação da Carta de Princípios com vista à criação da Plataforma 
            para o Acompanhamento e Avaliação do Desenvolvimento Territorial
            
Fernando Gonçalves
             
             José da Silva Peneda, Presidente do Conselho Económico e Social

13:00    Conclusão da Jornada

             * A confirmar

Para descarregar o Programa em PDF clique aqui.

Resumos das Comunicações

Os resumos das comunicações irão ser publicados após o dia 15 de Junho.

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Inscrições


A inscrição inclui a documentação e os coffee breaks. Após o dia 16 de Novembro não há lugar a devoluções por desistência.

Sócios da Ad Urbem, Estudantes** e Comunicantes*
Até 31 Out. ..................    60 Euros
Após 1 Nov. ..................   75 Euros

Demais participantes*
Até 31 Out. ..................    80 Euros
Após 1 Nov. .................  100 Euros

*  Nos termos do n.º 21 do art. 9.º do CIVA, os preços de inscrição são isentos de IVA.
** Os estudantes devem enviar comprovativo.


Ficha de inscrição

Para se inscrever deve descarregar a Ficha de inscrição [em DOC ou PDF] e envia-la preenchida para a Ad Urbem por email, fax ou correio.

Para questões relacionadas com as inscrições pode entrar em contacto com a Ad Urbem, de Segunda a Sexta-feira, das 10h00 às 14h00, através do número 21.844.37.92 ou por email para


Dados para pagamentos à AD URBEM

AD URBEM
Associação para o Desenvolvimento do Direito do Urbanismo e da Construção

Morada: a/c LNEC, Av. do Brasil, 101, 1700-066 Lisboa 
Telefone / Fax: 21 844 37 92      
Email:

NIF: 503 205 010
NIB: 0018.0000.0042.5777.0011.0 - Banco Santader Totta - Agência Mercado de Alvalade

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